Qual calcário agrícola utilizar: o calcítico ou o dolomítico?
Olá, pessoal!
Existem diferentes tipos de calcário agrícola disponível no mercado. Mas, em muitos casos, o produtor costuma comprar o calcário mais barato.
Isto é, o calcário agrícola com produção mais perto da propriedade, já que o frete tem um peso alto no custo do calcário colocado na fazenda.
No momento da compra não é levado em consideração a qualidade do calcário agrícola, no caso as variáveis: poder relativo de neutralização total (PRNT) e teor de oxido de Magnésio.
Lembrando que PRNT é um fator resultante da multiplicação entre a qualidade da rocha do calcário em conseguir neutralizar o ácido no caso o poder de neutralização (PN) multiplicado pelo tamanho das partículas do calcário (RE).
Em uma mesma mineradora de calcário ele pode fazer diversos tipos de calcários com diferentes PRNT. Pois, basta moer mais vezes o calcário e esse calcário terá uma reatividade esperada maior. Quanto mais fino o calcário maior será a reatividade é mais alto será o PRNT.
Em relação ao PRNT, este fator mostra o percentual do total de calcário que irá reagir em 3 meses após a aplicação no solo e desde que chova.
Você sabe que o calcário para reagir no solo é necessário que tenha umidade. Por isso, o tempo de reação do calcário deve ser contado após o solo estar molhado geralmente por uma chuva.
De acordo com a legislação Brasileira o calcário com menor PRNT deve ter no mínimo 45%. caso o vendedor te ofereça um calcário com o PRNT menor que 45% não compre depois esse calcário não tem qualidade.
Para você entender melhor, vamos analisar dois tipos de calcários com o PRNT diferentes.
O calcário 1 tem PRNT = 100%, isto significa, que todo o calcário aplicado irá reagir no solo em até 3 meses. Com isso, não terá efeito residual.
O calcário 2 tem PRNT = 60%, isto significa, que de todo o calcário aplicado apenas 60% do que foi aplicado irá reagir no solo em até 3 meses. Os outros 40% irão reagir em solos arenosos em até 2 anos e em solos argilosos em até 5 anos.
É claro que cada caso é um caso e esse tempo de reação pode ser maior ou menor dependendo da CTC do solo e do número de safras realizadas durante uma agrícola.
Para entender melhor imagine uma área onde é plantada apenas uma cultura por ano em outra área onde é plantada três culturas anuais.
A área onde é plantada três culturas anuais terá que ser calcareada em um menor intervalo de tempo. Já que, houve a remoção de nutrientes do solo principalmente do cálcio e magnésio.
Assim, este solo ficará ácido mais rápido e com isso será necessário aplicar calcário em um menor intervalo de tempo para repor o cálcio e o magnésio e neutralizar a acidez do solo.
Devo aplicar um calcário com maior ou menor PRNT?
Para responder essa pergunta, você tem que considerar 2 variáveis, a saber:
O tipo de cultura será plantado e o custo de aquisição do calcário.
Em relação ao tipo de cultura será plantada, por exemplo para áreas de pastagem e árvores (fruticultura e silvicultura) não é recomendado trabalhar com o calcário que tem PRNT de 100% e sim é recomendado aplicar um calcário com o PRNT mais grosso, isto é, em torno de 60%.
O motivo de trabalhar com calcário mais grosso em pastagem qual em culturas perenes como frutíferas e silvicultura é o fato do calcário mais grosso ter um efeito residual maior no solo. O calcário ficará reagindo durante todo o ciclo da cultura pelo fato de ser uma cultura perene, o calcário é da proporcionar a correção da acidez e o fornecimento de cálcio magnésio.
Por outro lado, áreas em que plantam grãos como soja e milho em plantio direto é recomendado ou uso de calcário com PRNT de 100%, nesta situação nós queremos que o calcário reaja o mais rápido possível no solo.
Em relação à segunda variável que deve ser considerada ao adquirir um calcário com base no PRNT.
Você deve saber que um calcário com PRNT de 100% será necessário aplicar uma dose menor do que um calcário com PRNT de 60%. Na prática, o custo financeiro com frete e a aplicação na lavoura será menor quando utilizado um calcário com PRNT de 100%, pois a quantidade adquirida será menor do que um calcários com PRNT menor que 100%.
Você deve saber que um calcário com PRNT de 100% será necessário aplicar uma dose menor do que um calcário com PRNT de 60%. Na prática, o custo financeiro com frete e a aplicação na lavoura será menor quando utilizado um calcário com PRNT de 100%.
Tipos de calcários: o calcítico, magnesiano, dolomítico
Outro fator muito negligenciado é o tipo de calcário a ser comprado. É o teor de magnésio do calcário que irá definir o seu preço na mineradora aliado ao PRNT.
No mercado, temos três tipos de calcário agrícolas de acordo com o teor de óxido de Magnésio, a saber:
Temos três tipos de calcário agrícolas no mercado de acordo com o teor de óxido de Magnésio, a saber:
o calcítico com teor de óxido de magnésio menor que 5%,
o magnesiano com teor óxido de magnésio entre 5 e 12%,
o dolomítico com teor óxido de magnésio maior que 12%.
Qual o calcário mais caro: calcítico, magnesiano ou dolomítico?
Geralmente é o calcário dolomítico, em razão do maior teor de magnésio em sua composição.
Por outro lado, o calcário calcítico é o mais barato.
Porém, para saber de fato o custo do calcário agrícola na propriedade, você deverá considerar nos cálculos o PRNT e o frete até a propriedade rural desde que você escolha o mesmo tipo de calcário.
Comparar o PRNT entre os calcários, desde que todos sejam calcítico ou todos sejam dolomítico.
Dessa forma, o custo total do calcário/ tonelada de PRNT posto na propriedade estará correto. Com isso, você saberá de fato qual é o qual o carro mais barato.
Em qual situação devo utilizar o calcário dolomítico?
Quando os teores de cálcio e magnésio são baixos, os mesmos podem ser elevados com a utilização de calcário dolomítico o qual tem em sua composição mais de 12% de magnésio.
Mas, quando o teor de magnésio no solo estiver abaixo de 0,5 cmolc/ dm3 é recomendado usar o calcário dolomítico para elevar o teor de magnésio próximo a 1,0 cmolc/ dm3.
Fique atento! Pois tem culturas mais exigentes em magnésio, Por isso, o correto é verificar a necessidade de magnésio de acordo com o livro de adubação de seu Estado.
Em qual situação devo utilizar o calcário calcítico?
Quando o objetivo for somente corrigir a acidez do solo, isto é, elevar o pH do solo. O calcário calcítico pode ser utilizado.
Lembre-se que, o pH do solo tem uma influência direta na disponibilidade de nutrientes para as plantas. Observe a figura abaixo.
Fonte: (Researchgate)
De acordo com a figura observe que um pH ácido, no caso com 5, a disponibilidade de nutrientes é baixa de um modo em geral. Quando aplicamos calcário, o pH do solo irá elevar e com isso a disponibilidade de nutrientes para as plantas aumenta principalmente dos macronutrientes.
Ao mesmo tempo, teremos uma redução na disponibilidade de micronutrientes. mas fazendo uma análise financeira vale a pena ter uma maior disponibilidade de macronutrientes com aplicação do calcário e uma menor disponibilidade de micronutrientes.
Pois, a quantidade aplicada de micronutrientes será de alguns quilos por hectare, diferente dos macronutrientes que geralmente são centenas de quilos por hectare.
De acordo com a figura observe que um pH ácido, no caso com 5, a disponibilidade de nutrientes é baixa de um modo em geral. Quando aplicamos calcário, o pH do solo irá elevar e com isso a disponibilidade de nutrientes para as plantas aumenta.
O que acontece se aplicar um calcário calcítico se na análise de solo pede um calcário dolomítico?
Ocorrerá diversos problemas para o produtor rural. Nessa hora, o barato sai caro. Pois, com o passar do tempo, o produtor rural irá verificar que a produtividade da lavoura não aumenta.
Temos os seguintes problemas:
Desequilíbrio de nutrientes no solo
nós sabemos que os nutrientes podem interagir de forma sinérgica ou antagônica.
O sinergismo entre os nutrientes ocorre quando um elemento favorece absorção de outro pela planta.
O antagonismo entre os nutrientes ocorre quando um elemento inibe absorção de outro pela planta.
Uma das premissas para que ocorra o antagonismo ou sinergismo entre os nutrientes é o equilíbrio deles no solo.
Quando tenho nutriente em excesso no solo, geralmente ocorrerá um antagonismo com outro nutriente. Um exemplo clássico são as bases (Ca, Mg e K).
O desequilíbrio entre os nutrientes que compõem as bases causa inibição de outra base pela planta. Um excesso de potássio pode inibir absorção de cálcio e magnésio pela planta.
Ao identificar o sintoma de deficiência de magnésio na planta. Não significa necessariamente a falta de calcário com Magnésio. E sim, o que está causando a deficiência de magnésio é o excesso de potássio. O inverso também é verdadeiro.
Por isso, para evitar este desequilíbrio entre o cálcio, o magnésio e o potássio. É necessário escolher o tipo de calcário correto: calcítico, dolomítico ou magnesiano.
O excesso de calcário aplicado no solo tem interferido na fixação de nitrogênio por bactérias fixadoras muito utilizado na cultura da soja do feijão e do amendoim e agora também na cultura do milho.
Pelo fato do calcário ser um produto mais barato do que os fertilizantes alguns produtores tem aplicado em excesso sem levar em consideração o tempo de reação conforme vimos neste artigo e a análise solo.
Alguns casos práticos que posso citar é o de produtores de soja que encontra em sua lavoura sintomas de deficiência de nitrogênio mesmo quando feito a inoculação com as bactérias fixadoras de nitrogênio.
A causa encontrada pela deficiência de nitrogênio na planta foi que o excesso de calcário inibiu a atividade das bactérias fixadoras de nitrogênio. Isto prova o desequilíbrio que o calcário pode promover também em relação a fixação do nitrogênio do ar por bactérias fixadoras.
Menor produtividade das culturas agrícolas
Um desequilíbrio de nutrientes no solo irá feta absorção desses nutrientes pela planta. E o resultado será uma menor produtividade da lavoura.
Esta menor produtividade da lavoura é muito comum atualmente. O produtor faz o investimento em calagem e adubação, porém não observa esta questão do desequilíbrio entre os nutrientes.
Diversas pesquisas mostram que o fator limitante na fertilidade do solo em áreas antigas não é a falta de adulto calcário ou gesso é sim o desequilíbrio entre os nutrientes.
Para verificar seus nutrientes estão em desequilíbrio, além da ferramenta da análise solo, uma ferramenta bastante efetiva é análise foliar.
Existe diversos meios para a interpretação de uma análise foliar, porém a ferramenta mais efetiva para verificar o desequilíbrio de nutrientes na análise foliar é o método Diagnosis and Recommendation Integrated System (DRIS).
O método DRIS é efetivo para verificar o desequilíbrio de nutrientes pelo fato de comparar vários nutrientes ao mesmo tempo. Pois sabemos que os nutrientes podem interagir de forma positiva, isto é, sinérgica, sendo que é um nutriente aumenta absorção do outro.
Ou, de forma antagônica negativa em que um nutriente inibe absorção do outro.
Com isso, o método DRIS tem como resultado o índice de Balanço nutricional (IBN). Sendo que quanto mais próximo de zero for o IBN, mais em equilíbrio estão os nutrientes na planta.
Cálculo para saber o preço por tonelada de PRNT de calcário com frete
Esta fórmula irá te ajudar a saber qual o calcário mais barato colocado na fazenda.
Preço por tonelada de PRNT com frete (PPRNT) = 100 (preço por tonelada de calcário com frete na fazenda) ÷ PRNT
Por exemplo:
Calcário A
PRNT: 60%
Preço do calcário mais o frete por tonelada: R$ 150,00
Substituindo na fórmula
(PPRNT) = 100 X (150) ÷ (60) PRNT
(PPRNT) = R$ 250,00/ ton/ PRNT colocado na fazenda.
Calcário B
PRNT: 85%
Preço do calcário mais o frete por tonelada: R$ 180,00
(PPRNT) = 100 X (180) ÷ (85) PRNT
(PPRNT) = R$ 211,00/ ton/ PRNT colocado na fazenda.
Resultado
O calcário B, sai mais barato por tonelada de PRNT colocado na fazenda. Com um custo financeiro menor em 15,6% por tonelada de PRNT.
Quer confirmar o resultado de qual o calcário mais barato posto na fazenda? Use a nossa calculadora do Blog.
Calculadora preço efetivo do calcário
Gostaria de conformar os seus cálculos sobre a necessidade de calagem estão corretos. Use as calculadoras do Blog.
Calculadorada necessidade de calagem - método saturação por bases
Calculadorada necessidade de calagem – para solo arenoso – método do teor de Alumínio (Al)
Conclusão
Nesse artigo, como você pode ler, na hora de escolher o calcário, além de avaliar o PRNT. Também, é necessário analisar a concentração do teor de óxido de magnésio do calcário.
Não esqueça o que define o preço do calcário na mineradora é o PRNT e o teor de óxido de magnésio.
E o que define o preço final do calcário colocado na fazenda é o preço da mineradora mais o frete da mineradora até a propriedade rural.
Nem sempre o calcário mais barato é a melhor solução para aumentar a produtividade da lavoura. Neste caso o maior erro é aplicar calcário calcítico que é mais barato onde é necessário aplicar o calcário dolomítico. o resultado é um desequilíbrio entre as bases que irá provocar uma menor produtividade da lavoura.
Nem sempre o calcário mais barato é a melhor solução para aumentar a produtividade da lavoura.
Por fim, você deve calcular o preço efetivo da tonelada do PRNT do calcário colocado na fazenda. Para saber, qual é o calcário com melhor benefício custo para você.
O resultado será um posicionamento técnico correto do calcário de acordo com a verdadeira necessidade da área.