Reduzir custo com uréia, superfosfato simples e cloreto de potássio?
Olá pessoal!
Para economizar na adubação com uréia, superfosfato simples, cloreto de potássio e outros é necessário realizar a coleta de solo de forma correta.
Você sabia? Um dos erros mais comum em relação a análise do solo, é a falta de cuidados na hora da coleta.
Sim, é isso mesmo. São vários erros, que comprometem o resultado da sua análise de solo.
Vou começar pelo número de subamostras a ser retirada, para compor uma amostra de solo do talhão.
Quando o profissional recomenda retirar 20 subamostras de uma área, para depois misturar estas subamostras e mandar 1 amostra para o laboratório.
Esse número de 20 subamostras para compor 1 amostra, tem um motivo.
O motivo, é a redução do coeficiente de variação no teor da análise de solo.
Os teores dos nutrientes na análise de solo não são exatos, existe uma variação.
E na verdade, não é!
Se você retirar uma amostra simples por área, a variação do potássio, por exemplo, é de 73% em torno da média.
Agora, se você retirar 5 amostras a variação em uma determinada área. O coeficiente de variação é 29,9%.
E a menor variação foi de 19,9% no teor de potássio mostrado na análise de solo (CATANI et al., 1954).
Estou mostrando apenas o potássio, sem falar dos outros nutrientes.
Agora, você entendeu a importância de retirar as 20 subamostras. E quando receber uma análise de solos para fazer a recomendação, tenha em mente que o teor do nutriente na análise de solo, não é exato.
Eu vou te dar um orientação simples e direta. Tenha isso gravado na memória. Preparado?
Estamos convivendo com um erro de 20% dos teores de nutrientes, representados na análise do solo. Não é pouco, mas é tolerado.
Se ao coletar a amostra do solo, você não observou este detalhe.
Provavelmente, os números que você têm na análise estão errados.
Provavelmente, os números que você têm na análise estão errados.
Com números errados da análise, a recomendação de adubação será errada, o custo para o produtor será maior.
Em qual sistema de preparo do solo, ocorre maior variação dos nutrientes nas camadas em profundidade?
Será que teve uma maior variação dos nutrientes em profundidade, sendo o solo preparado com arado de aiveca, grade aradora ou no plantio direto?
Os valores de pH, Ca, Mg, P, K apresentam essa variabilidade de acordo com o tipo de preparo do solo.
A maior amplitude dos teores dos nutrientes ocorreu no plantio direto, se comparado com o solo preparado com arado de aiveca ou grade aradora.
Em virtude do não-revolvimento do solo no plantio direto, existe uma maior variabilidade dos nutrientes.
Por outro lado, o sistema de preparo com arado de aiveca ou grade aradora revolve o solo, fazendo com que os nutrientes fiquem mais uniformemente distribuídos no perfil.
O coeficiente de variação dos nutrientes é maior no plantio direto.
Um exemplo é o fósforo, em que o coeficiente de variação foi de 136,9%. É muito alto. O potássio também variou muito ,com 50%.
Um exemplo é o fósforo, em que o coeficiente de variação foi de 136,9%. É muito alto. O potássio também variou muito ,com 50%.
Leia o artigo na íntegra, clicando aqui.
Como dividir uma área em subáreas homogêneas?
Ok. Você retirou as 20 subamostras para compor uma amostra do talhão.
Mas fez a amostragem em toda a área, ou seja, foi em uma área que tinha diferentes tipos de topografia.
Tinha parte da área mais baixa e uma parte da área mais alta. A cor do solo era diferente entre essas áreas. A produtividade também é diferente.
O resultado da coleta das subamostras será uma média que não condiz com a realidade.
Não pode fazer isso. Observe a Figura 1, que mostra como fazer a coleta de subamostras de forma errada.
A pessoa retirou as 20 subamostras, mas o talhão é toda área delimitada em amarelo.
Na imagem observe que o talhão tem uma declividade considerada.
Provavelmente a produtividade será diferente em relação a parte mais alta e mais baixa, bem como as características do solo.
O talhão é desuniforme por natureza. Não adianta investir em agricultura de precisão, considerando toda a área da Figura 1 em um talhão homogêneo.
Vai desperdiçar dinheiro com análise de solo, o coeficiente de variação será muito alto.
Esse é o erro que mais vejo no cotidiano. O produtor divide o talhão em áreas muito grandes, buscando o rendimento operacional do maquinário.
Lembrando que:
"Quando o operacional sobrepõe o técnico, o resultado não é bom."
Figura 1: Área considerada não homogênea para retirar amostras de solo.
Fonte: Pixabay.
Agora na figura 2, temos a divisão correta do talhão para coletar as subamostras.
Figura 2: Talhão com divisão correta em áreas homogêneas.
Fonte: Pixabay.
Se você na propriedade em que presta consultoria, fazer a divisão de uma área conforme a figura acima. Ou seja, respeitando o limites da divisão do solo.
O resultado será menor custo de adubação e maiores produtividades.
Para complemetar, tem no Blog um artigo sobre O que fazer para diminuir custo com a adubação? Dividir o talhão corretamente em áreas homogêneas.
Qual equipamento utilizar para coletar o solo?
A literatura recomenda os seguintes equipamento para retirar amostras de solo. O enxadão, a pá reta, o trados holandês, o trado de caneco.
Eu particularmente utilizo a pá reta, em razão da representatividade da amostra coletada.
Rogerio, o que você acha do trado de rosca, muito utilizado na agricultura de precisão?
Eu acho, que o trado tem a desvantagem de desperdiçar solo ao retirar a broca do solo.
Isso significa uma amostra menos representativa do solo.
Além disso, se a rosca estiver desgastada irá coletar uma quantidade desproporcional entre superfície e a profundidade.
Outras devatagens são: a impossibilidade de identificar se o solo naquela região amostrada está compactado, ou com bolsão de ar em subsuperfície, ou se tem um material estranho no solo.
Pelas razões expostas acima, não recomendo o trado de rosca, devido a falta de qualidade da amostra de solo extraída.
Além disso, se a rosca estiver desgastada irá coletar uma quantidade desproporcional entre superfície e a profundidade.
Outras devatagens são: a impossibilidade de identificar se o solo naquela região amostrada está compactado, ou com bolsão de ar em subsuperfície, ou se tem um material estranho no solo.
Pelas razões expostas acima, não recomendo o trado de rosca, devido a falta de qualidade da amostra de solo extraída.
Outro problema que vejo, ao coletar nas camadas de 20 a 40 cm de profundidade, ocorre uma contaminação da amostra.
Pois, o trado entra em contato antes com a camada de 0 a 20 cm.
Pois, o trado entra em contato antes com a camada de 0 a 20 cm.
O certo é encapsular o buraco e utilizar outra broca. Na prática, quem faz isto?
Qual local evitar para coletar o solo?
Você deve evitar retirar o solo perto de curva de nível, estradas, onde tem resto de adubo, cerca, cupim, perto de bebedouro e comedouro do gado.
Pois nesses locais os teores de nutrientes provavelmente são altos.
Qual a profundidade para coletar o solo?
Em áreas novas com suspeita de acidez na subsuperfície, amostrar até 60 cm de profundidade de modo estratificado.
Pois você quer saber se existe impedimento químico. Isso serve tanto para cultura anual como perene.
Pois você quer saber se existe impedimento químico. Isso serve tanto para cultura anual como perene.
Em área de plantio convencional de culturas anuais de 0 a 20 cm. Em plantio direto de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm.
Em áreas de pastagem de 0 a 20 cm no sistema convencional e 0 a 10 cm no sistema de planto direto.
Em áreas de hortaliças, raízes e tubérculos no sistema convencional de 0 a 20 cm (EMBRAPA, 2018).
Em áreas de hortaliças, raízes e tubérculos no sistema convencional de 0 a 20 cm (EMBRAPA, 2018).
Em áreas de café e frutífera no sistema convencional de 0 a 20 cm .
Qual a frequência para fazer a análise de solo?
A regra é quanto mais cultiva o solo, maior será a frequência das análise. Em razão, da retirada de nutrientes pela colheita.
Em propriedades com cultura anual irrigada, a recomendação é fazer análise de solo todo os anos.
Em propriedades com cultura anual em solos arenosos, após o terceiro ano.
Em propriedades com cultura anual em solos argiloso, após o quinto ano.
Quais os cuidados na coleta dos solos?
A coleta deve ocorrer antes do preparo do solo, pois depois que é realizado a gradagem o solo fica fofo e não tem como coletar.
No caso, tem que esperar chover para o solo voltar a endurecer e assim ser possível realizar a coleta.
Para evitar isso, após a colheita já coleta o solo.
O solo deve estar seco, a fim de que possa misturar as subamostras.
Se o solo estiver úmido ao ponto de não conseguir misturar as subamostras. Pare!
O que mais vejo fazendo errado, é jogar os torrões do solo fora (se estiver utilizando a pá reta ou enxadão).
Esse é um grande erro, pois a representatividade do solo está nos torrões.
Esse é um grande erro, pois a representatividade do solo está nos torrões.
Então quando cavar e encontrar torrão, deve destorroar na hora.
Não jogue o torrão do solo fora, pois os melhores agregados estão no torrão.
Faça uma mistura bem feita das 20 subamostras e coloque no saco plástico.
Como escolher o laboratório de análise do solo?
Primeiro passo é verificar se o laboratório tem um selo de qualidade.
Temos selo de qualidade laboratorial da EMBRAPA, do IAC, do PROFERT, CELA, ROLAS e outros.
O segundo passo é verificar se o laboratório trabalha com o extrator adequado para o nutriente que será analisado.
Já escrevi um artigo sobre O que fazer para diminuir o custo de produção com adubos fosfatados, utilizando o extrator correto de fósforo do solo?
E você, tem coletado o solo corretamente?
Deixe o seu comentário.
Até a próxima!