Condutividade elétrica solo fertilidade

Mapeando a condutividade elétrica (CE) do solo, já utilizou?

Levantamento da condutividade elétrica do solo

Fonte:HGG

Olá, pessoal!

Você já utilizou um mapa de condutividade elétrica na propriedade rural?

O mapa de condutividade elétrica é uma importante ferramenta, a ser utilizada no manejo da fertilidade do solo.

Mas por que com a fertilidade do solo?

Em razão da condutividade elétrica estar associado com a textura (argila, silte e areia), nós sabemos que a recomendação de adubação tem como referência a textura do solo.

Lembrando que, quanto mais argiloso for um solo maior será a quantidade de adubo, calcário e gesso a ser aplicado. Pois um solo argiloso tem um maior poder Tampão, isto é, ele fica fértil por mais tempo do que um solo com textura arenosa.

Em razão da grande quantidade de carga negativa que é um solo argiloso tem. Na verdade, para ficar mais fácil o entendimento do poder tampão tem um solo associe com a CTC total ou CTC potencial ou CTC a pH 7.


Diferença entre análise de solo tradicional e análise de solo agricultura de precisão

Lembrando de todo esse conceito, ao invés de coletar a análise de solo de forma tradicional, isto é, em um talhão coleta várias sub amostras de solo mistura e considera um único resultado para todo o talhão.

No caso da textura estamos entendendo que todo o talhão tem a mesma textura, isto é, o mesmo teor de argila em todo o talhão, mas sabemos que isso é um chute e com isso a sua adubação está sendo mal distribuída no talhão. O resultado será uma baixa lucratividade do produtor.

Para aumentar a lucratividade do produtor, veio essa nova tecnologia do mapeamento da condutividade elétrica do solo. Agora, você irá saber detalhadamente a cada metro medido o teor de argila do solo.

Observe que a recomendação de adubação será muito mais precisa, você vai aplicar mais adubo onde tem mais argila e menos adubo onde tem menos argila de maneira cirúrgica. O resultado será um aumento da lucratividade para o produtor.

Muitas vezes, a maioria dos técnicos e produtores não conhecem o mapa de condutividade elétrica.

Por meio da condutividade elétrica é possível estabelecer uma correlação com diversas variáveis, como a fertilidade, textura, produtividade e outras.

Conforme (Carmo et al., 2013), a condutividade elétrica pode ser utilizada para determinar o grau de fertilidade do solo.

Outro conceito importante que você deve ter é que o aumento de produtividade em áreas com baixo potencial produtivo não é por causa da adubação e sim por interferência de outros fatores limitantes do solo como a capacidade de fornecimento de água para a planta, a profundidade do solo, a capacidade de drenagem do solo, o horizonte B deste solo e o tipo de argila deste solo. Estes fatores pertence a gênese do solo e por isso são imutáveis.

Pesquisa 1: condutividade elétrica e fertilidade do solo

Em seu estudo em Latossolo e Neossolo Quartzarênico, as variáveis de fertilidade como o Ca, Mg, K, micronutrientes e pH alterou a condutividade elétrica do solo.

 É importante destacar, que o solo não pode estar salinizado, já que os íons de sal interferem na condutividade elétrica.

Segundo (Siqueira et al., 2015) o mapa de condutividade elétrica mostrou as maiores produtividades da cana de açúcar em áreas com relevo côncavo, isto é onde o conteúdo de água no solo é maior do que em áreas em mais elevadas.

Assim, confirma a influência direta da relação hídrica e a produtividade da cana de açúcar.

Nesse estudo, é interessante destacar, a necessidade de fazer o manejo específico distinto de partes do talhão.

Devido a forte influências da geomorfologia, sendo mais específico as características de argilominerais e a interferência da água da chuva na variabilidade espacial.

Já escrevi em outro artigo sobre Como o relevo interfere na qualidade da coleta de solo? Clique aqui para ler.

Você pode fazer um manejo mais específico no talhão, tendo como referência a geomorfologia da área, além do tradicional uso da textura do solo. Desde que, o mapa apresente um modelo geoestatístico com dependência espacial elevado.

São poucas propriedades que faz esse tipo de manejo, porém essas poucas propriedades que faz o manejo específico, tem uma melhor gestão da fertilidade do solo e na aplicação de fertilizantes.

Pesquisa 2: condutividade elétrica e fertilidade do solo

De acordo com (Alves et al., 2013), ao determinar áreas de manejo específico tendo referência a condutividade elétrica do solo e a matéria orgânica, em áreas de plantio direto de milho e soja.

A conclusão foi que os atributos referentes a textura do solo, definidas a partir de mapas de matéria orgânica ou de mapas de condutividade elétrica, obteve os melhores resultados

E para os atributos químicos, a maior confiabilidade ocorreu a partir de mapas de matéria orgânica, em conjunto com o mapa de altitude.

 Destaco essa pesquisa, em razão da particularidade que tem, em relação de não generalizar os mapas de atributos químicos e físicos, tendo como referência apenas o mapa de condutividade elétrica.

Portanto, cada caso é um caso, e você profissional definirá a melhor solução para a área em questão.

Por que mapear a condutividade elétrica (CE) do solo?

Porque é um método indireto de obter algumas características do solo, a fim de reduzir o número de amostras necessárias, para a análise em laboratório.

De forma mais rápida e com menor custo, quando comparado com a retirada de amostra do solo tradicional.

Nesse artigo, como você pode ver, a utilização de mapa de condutividade elétrica do solo é uma alternativa complementar bastante interessante.

Com a assessoria de um profissional capacitado para adequar o mapa de acordo com a realidade da área, o resultado será uma maior eficiência da aplicação de fertilizantes e uma redução de custos de produção.

Qual o intervalo de tempo que devo fazer o mapa de condutividade elétrica do solo?

Diferente da análise química e textural do solo que é realizada periodicamente isto é para solos argilosos de 5 em 5 anos e solos arenosos de 3 em 3 anos dependendo da quantidade de safra realizada por ano.

O levantamento de condutividade elétrica é realizado apenas uma vez, visto que o teor de argila, silte e areia não mudam em um curto espaço de tempo. Dessa forma, o investimento no levantamento de condutividade elétrica do solo em uma propriedade torna-se bastante viável economicamente pois é feito somente uma vez.

Qual equipamento é usado para realizar o levantamento de condutividade elétrica do solo?

São vários os equipamentos usados para realizar o levantamento de condutividade elétrica do solo. Vou destacar alguns, geralmente você irá contratar uma consultoria para realizar este levantamento, não compensa comprar o equipamento para ser utilizado apenas uma vez.

O Terram da Flaker.

Equipamento de medição da condutividade elétrica do solo


Fonte: Falker

 

 O Veris da Stara.

Equipamento de medição da condutividade elétrica do solo


Fonte: Stara

 

 O EM38 de fabricação da GEONICS.

Equipamento de medição da condutividade elétrica do solo

Fonte:HGG


Modo de funcionamento do equipamento de levantamento de condutividade elétrica do solo

A condutividade elétrica por meio de um sistema de discos de arado em contato com o solo, o segundo mede a condutividade elétrica através de corrente elétrica induzida por bobina mas sem contato com o solo. O resultado é o mapa de condutividade elétrica do solo.

Veja a figura abaixo.

Equipamento de medição da condutividade elétrica do solo

Fonte: EMBRAPA

 

O resultado do mapa de condutividade elétrica do solo

Observe no mapa, quanto maior o número de condutividade elétrica maior é o teor de argila.

Nesse talhão podemos afirmar que a área dentro do talhão com maior teor de argila está localizada nas bordas do talhão e na direção centro para o sul.

E na direção do centro ao norte, isto é a parte mais clara, tem uma menor condutividade elétrica, portanto menos argila.

Agora, com essas informações você pode fazer uma recomendação mais precisa de adubação e população de plantas. Assim, aumentar o lucro do produtor rural.

Exemplo prático de posicionamento de adubação com o mapa de condutividade elétrica

De acordo com o mapa abaixo, é recomendado aplicar mais fertilizante nas áreas com maior teor de argila e menos fertilizantes com menor teor de argila. O resultado será uma aplicação correta de acordo com o potencial do solo em fornecer nutrientes as plantas.

Exemplo prático de posicionamento de população de plantas com o mapa de condutividade elétrica

Pegamos como exemplo a cultura do milho onde áreas com maior teor de argila tem a capacidade de fornecer mais água para a planta, por isso pode aumentar a população de plantas nas áreas mais argilosas e diminuir a população de plantas em área mais arenosas. O limitante da produtividade não é apenas a fertilidade de um solo, mas também a capacidade deste solo fornecer água para as plantas.

De acordo com a figura abaixo a maior capacidade deste solo fornecer água para as plantas estão localizadas na região centro sul do talhão. Justamente, onde tem maior teor de argila no solo.

Mapa de condutividade elétrica do solo

Fonte: Pesquisa

 

O gráfico abaixo de acordo com o coeficiente de determinação mostra que a medida que aumenta a condutividade elétrica, aumenta o teor de argila no solo.

Gráfico do coeficiente de regressão entre a condutividade elétrica do solo e o teor de argila

Fonte: Pesquisa

Cargas elétricas do solo

Lembrando que o solo gera cargas elétricas e na maioria dos casos cargas negativas.

Quanto mais argiloso for o solo, maior será a geração de carga negativa deste solo em comparação com um solo arenoso que quase não gera carga negativa ou muito pouca carga negativa.

Além do teor de argila, outro fator importante na geração de carga negativa é o tipo de argila ou a presença de óxidos. É de conhecimento que argilas do tipo 2:1 (montmorinolita, ilita, vermiculita) produzem mais carga negativa no solo, em seguida temos as argilas 1:1 (caulinita) e por fim temos os óxidos de ferro ou alumínio na produção de cargas negativas.

Em relação a fertilidade do solo e as cargas negativas do solo podemos estabelecer uma relação.

Um solo com maior carga negativa consegue se manter fértil por mais tempo quando comparado com um solo com menor carga negativa.

Essa capacidade do solo se manter fértil por mais tempo chamamos de poder tampão do solo. Sendo que um solo com alto poder tampão tem um intervalo de tempo maior para aplicar o calcário. Este solo segura os nutrientes como K, Ca e Mg pro mais tempo e disponibiliza para as plantas.

Sugestão de uso do mapa de condutividade elétrica do solo

A minha sugestão é para levar em consideração a aplicação de fertilizante de acordo com o mapa de condutividade elétrica do talhão.

Você vai notar que às vezes com aplicação de fertilizante com base no mapa de condutividade elétrica do solo, a quantidade de adubo geral em um talhão pode aumentar quando comparado com aplicação de adubo pelo método tradicional de análise do solo.

Isso acontece devido amostragem mal realizada pelo método tradicional tendo como referência uma média.

Quando falo em mal amostragem de solo, um dos fatores que interfere nos resultados da análise de solo é a quantidade de sub-amostras coletadas em um talhão. Observe o gráfico abaixo.

Relação entre o número de subamostras de solo e erro no resultado da análise de solo

De acordo com o gráfico acima, podemos afirmar que o número recomendado de sub-amostras para formar uma amostra do talhão está entre 15 e 20 sub-amostras em que terá um erro na análise de solo em 20%.

Isto que dizer que uma amostragem de solo bem-feita com 15 e 20 sub-amostras ainda terá um erro de 20% do elemento analisado. Vamos pegar como exemplo o elemento fósforo em que na análise de solo o seu teor foi de 5 mg/ dm³. Na verdade, os 5 mg/ dm³ de fósforo pode variar entre 4 mg/ dm³ e 6 mg/ dm³ de fósforo já que tem uma variação de 20%.

Agora, vamos supor que foram coletadas apenas 5 sub-amostras para formar uma amostra de solo do talhão. De acordo com o gráfico acima, o erro aumenta para 40%. Isto significa que o fósforo com 5 mg/ dm³ na análise de solo. Na verdade, os 5 mg/ dm³ de fósforo pode variar entre 3 mg/ dm³ e 7 mg/ dm³ de fósforo já que tem uma variação de 40%.

Ao recomendar a adubação esta variação do teor do elemento por causa da amostragem de solo mal feita tem impacto direto na quantidade de adubo recomendada e a produtividade da lavoura.

Por isso, a quantidade adubo geral a ser aplicado em um talhão pode diminuir ao usar o mapa de condutividade elétrica do solo como referência.

Nesse caso, mostra que o produtor estava aplicando adubo a mais em todo o talhão de uma forma equivocada por causa da amostragem mal realizada pelo método tradicional tendo como referência apenas uma média.

Para começar, faça o mapa somente de um talhão. E após conhecer a tecnologia em sua área, você estende o mapa de condutividade elétrica para toda a área.

Conclusão

Importante destacar que esta ferramenta não é a salvação da lavoura, tenha cuidado ou utilizar. Lembre-se, que a agricultura não é uma ciência exata e sim biológica, cada caso é um caso.

Mas é uma ferramenta, se bem ajustada e manejada trará um aumento de lucro para o produtor rural.

Uma vez que, você está apenas colocando o adubo no talhão onde mais precisa e reduzindo a quantidade de adubo no talhão onde menos precisa, é apenas uma relocação da aplicação de fertilizantes agricultura.

O bolso do produtor agradece e a natureza também agradece com o uso racional de fertilizantes.

Você profissional, consultor das ciências agrária, nas propriedades rurais que prestam consultoria.

Tem levado em consideração, a utilização do mapa de condutividade elétrica do solo na fazenda?

Se tiver dúvida, participe nos comentários.



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